Lembras-te, triste e sozinho irmão,
Das fantasias deste mundo irreal
Que promete com mentiras e emoção
Fazer com que seja sempre Natal?!
Lembras-te, infeliz atolado na lama,
Que longe do mundo e do seu mal
Vegetas na valeta com dor e drama,
Esperando que um dia seja Natal?!
Lembras-te, que dormitas ao relento
E comungas com a tua vida fatal
A ansiedade do teu pensamento
Na esperança que aconteça Natal?!
Lembras-te da guerra cheia de dor,
Desapiedada na luta feroz e brutal
Que deixa órfãos carentes de amor
E perdidos num mundo sem Natal?!
Lembras-te do mundo de vileza
Que chafurda na lixeira universal,
Adornado de prazer e de riqueza
E esquecido dos que não têm Natal?!
Lembras-te, irmão, da falsa caridade
Que apregoa o seu fraterno ideal,
Governa mentes de perversidade
E menospreza famintos de Natal?!
Sai do desespero, ganha esperança,
Quebra as amarras da solidão,
Crê que o mundo terá mudança
E deixará de haver fome e podridão.